Chegou às lojas, no passado dia 10 de fevereiro de 2017, o décimo oitavo e mais recente trabalho do grupo americano de thrash metal, Overkill, após sucessivos adiamentos na data de lançamento, prevista inicialmente para novembro do ano passado. The Grinding Wheel surge três anos apenas após o aclamado White Devil Armory, que viria a tornar-se o álbum mais bem-sucedido da banda nas tabelas de vendas e que levaria a banda numa tour que passou por Portugal, com o concerto no Paradise Garage em finais de 2014.
Com músicas ligeiramente mais complexas e longas do que anteriores registos, The Grinding Wheel espalha as suas 12 canções por uma hora de música pesada. Abrindo com “Mean, Green, Kill Machine”, os Overkill fazem uma declaração sobre a consistência do seu estilo, com o coro característico da banda a definir a canção. Embora possua elementos de destaque como a melodia no interlúdio da música, é possível sentir que a mesma se prolonga para lá do necessário em extensão. O álbum leva-nos em seguida a uma incursão mais rápida, agressiva e empolgante com “Goddam trouble”, a segunda faixa do trabalho onde se destaca o longo e incrível solo e onde a banda como um todo demonstra o seu actual potencial musical. “Our Finest Hour” apresenta o ínicio mais arrebatador de todo o álbum e é uma boa demonstração do poder da canção. Mais duas notas individuais para “Long Road” uma faixa possante, com vozes potentes a ressoar ao longo de toda a música e para “Come Heavy” uma agradável surpresa a meio da audição do álbum. Última chamada de atenção para “The Grinding Wheel” a faixa que dá o nome ao álbum, de andamento pesado e com várias transições de qualidade. A faixa é ainda elevada por uma diversidade de passagens musicais num excelente registo de produção musical.
As músicas da mais recente incursão da banda norte americana em estúdio parecem sofrer por vezes pela produção demasiado plana do álbum. As faixas parecem sentir a falta de algum do dinamismo e energia crua que caracteriza a banda ao vivo, principalmente no que respeita às vozes, deixando os fãs desejosos de ver como se comportará o álbum quando apresentado ao vivo. Nas composições da dupla D. D. Verni and Bobby Ellsworth destaca-se sobretudo o trabalho de produção feito com as guitarras que soam possantes e que enchem o álbum de força.
Em entrevista à Alternative Nation, aquando da apresentação do álbum, o vocalista da banda referiu que um dos elementos que melhor caracterizava os trabalhos da banda era o seu fácil reconhecimento pelo estilo, procurando o grupo aprimorar-se a cada nova etapa em estúdio. Retirando uma influência maior do metal britânico clássico do que anteriores registos, The Grinding Wheel é uma consistente demonstração de forma da banda americana, que já leva 37 anos de carreira. Potente e eficaz, cai apenas no pecado de não elevar o trabalho da banda a níveis mais altos, podendo amadurecer, enquanto obra, de forma menos significativa do que alguns dos melhores registos que a banda lançou no passado. Não tendo o mesmo impacto inicial do seu antecessor, apresenta-se ainda assim como um trabalho que certamente agradará aos fãs da banda e a todos os amantes do estilo, provando novamente porque os Overkill são um dos nomes de referência dentro do género.