Mike Hadreas aka Perfume Genius estreou-se em 2010 com Learning, um álbum de contradições suaves, produzido essencialmente entre as teclas do piano a soarem a um lo-fi básico juntamente com uma guitarra desvanecida. Em 2012, com Put Your Back Into It, Perfume Genius mantém a mesma base do álbum de estreia mas numa reportagem autobiográfica focada na esperança e exposta a diversos sentimentos.
Ao terceiro álbum, Too Bright, Hadreas reinventou a sua sonoridade. A estética musical é agora, mais que nunca, um dos factores base na composição deste novo trabalho na carreira do produtor. Canções como "Longpip", "Queen", a mais recente lançada "Grid" (a sofrer uma produção genial na conjugação de vocais díspares) e a genial "My Body" são o retrato de um artista contemporâneo: o uso de sintetizadores a apostarem num som distorcido, guitarras a terem uma conotação superior (o que é visível essencialmente em "Queen"), numa tentativa de expor o pânico pessoal através do som. Se soava a arrojada a nova experimentação sonora, parece que a aposta foi muito bem jogada e sem deixar de parte, claro, o piano que é a base que suporta cerca de cinquenta por cento de Too Bright.
Evoluções positivas são importantes, e se, em "Fool" Perfume Genius arrisca num início característico aos temas disco dos anos 80, que rapidamente acaba por atingir um declínio voltando a ser a base das composições habituais de Hadreas mas com uma experimentação vocal adquirida. Ao longo da música os díspares sons unem-se tornando-se uma composição interessante também pelos instrumentos que a integram. "No Good" e "Don't Let Them In" são o retrato da evolução expectável de Put Your Back Into It - Perfume Genius e um piano, resultante numa áurea mágica.
Too Bright poderia muito bem ter uma certa tendência, criada especialmente pelos ouvintes de Learning e Put Your Back Into It mas acabou por sofrer um tratamento ao nível da produção, que mudou essa tendência inicialmente pensada. "I'm A Mother" traduziu na distorção dos violinos que a arte contemporânea, no que toca a música, é o resultado de um acto experimental bem conseguido e com uma certa arrogância na sua concepção, o que prova que um Perfume Genius futurista, até nem seria de tudo mal pensado. Há essa surpresa no resultado das audições consecutivas deste novo disco. A introdução dos sintetizadores foi um desafio muito bem superado, que até seria de agrado de antigos e novos fãs, mas foi também importante manter a sua sonoridade original, a fim de denotar o quão bom um simples instrumento e uma bela voz conseguem transmitir em 2014.