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Róisín Murphy - Róisín Machine

Róisín Murphy - Róisín Machine - 2020
Review
Róisín Murphy Róisín Machine | 2020
João Rocha 22 de Outubro, 2020
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Permitam-me iniciar de uma forma pessoal. Percebo que não vos interesse a minha vida ou os meus hábitos, mas para iniciar esta review necessito de vos contar algo sobre mim.

Sabem os meus amigos que “uma noite no meu quarto é melhor que qualquer noite no Plano B” (bar portuense). Dito assim soa estranho, mas esta é a afirmação em tom de brincadeira que caracteriza as minhas partilhas musicais dançáveis. Nesta gaveta cabem todos os géneros, artistas e espectros qualitativos. Desde que me saiba bem mexer o corpo ao som dela, qualquer música poderá ter lá um lugar. Assim, uma brincadeira virou playlist e, apesar de já não a atualizar há muito tempo, basta procurar no Spotify para qualquer um ficar a constatar que “uma noite no meu quarto é melhor que qualquer noite no Plano B”.

Porquê trazer tal assunto à baila? Ora bem, dizia-vos eu que já não a atualizava faz tempo, e, no entanto, acabei de o fazer, acrescentando-lhe todo o novo álbum de Róisín Murphy.

Róisín Machine é o novo trabalho da ex-frontwoman dos Moloko, e inegavelmente o seu melhor trabalho até ao momento. Afirmação ousada, mas segura, servindo este texto como a justificação de tal.

Na faixa de abertura ouvimos a voz quente e sensual de Róisín a abrir de imediato o jogo: a sua história ainda não chegou ao fim. É um pequeno excerto de um monólogo que declamará mais tarde, que funciona na perfeição como introdução ao que nos espera, mas também como resumo do que nos trouxe aqui. A voz da cantora irlandesa carrega mais de vinte e cinco anos nestas andanças, a inspirar e a redefinir o género, uma voz que carrega também uma eterna frustração pelo parco reconhecimento. Róisín Machine surge assim como um punho cerrado a entoar numa mesa, sinónimo do clímax de maturidade e confiança da artista.

Aquando a sua saída dos Moloko, envergou por uma abordagem, que embora ritmada, seguia uma linha mais experimental e ousada. Apesar do abraço da crítica, o álbum passou um pouco ao lado do grande público. Seguiu-se Overpowered no apogeu da divulgação musical pela Internet. Mais voltado para a sonoridade pop, a imagem da sua autora apelava a um público mais alternativo que se sentia assim confortável a assumir a apreciação por tal tipo de sonoridade. Assim, de uma forma orgânica, e sem o devido reconhecimento, Murphy foi uma das grandes responsáveis pela entrada de sonoridades mais pop num circuito musical mais restrito e nem sempre eclético. Overpowered constituiu assim um marco na primeira década do século XXI, e consequentemente na carreira da artista. Seguiram-se uma série de trabalhos aleatórios a vogar entre a experimentação e as influências de Murphy, e basicamente estivemos desprovidos de Róisín, da verdadeira Róisín, de 2007 até agora.

As novas composições da cantora irlandesa são hinos de reflexão abstratos, fortes o suficiente para despertar a empatia no ouvinte, o que o leva a inquirir se são sobre si ou divagações íntimas de quem as canta. A abrangência das letras é orquestrada magistralmente de forma lata para atingir esse propósito, sendo um dos grandes pontos fortes de Róisín Machine. Já os beats são crescendos paulatinos que percorrem todas as ramificações da música eletrónica. Na verdade, de faixa para faixa, somos confrontados com autênticas obras-primas pop, desde os momentos mais disco às sombras de uma borbulhante experimentação (“Kingdom of Ends” faz qualquer melómano babar-se dos ouvidos). Cada faixa toma o seu próprio ritmo a afirmar-se. Cimentam sem pressa a base estrutural que lhes dá corpo, e naturalmente deixam entrar os ornamentos que as tornam momentos puramente cintilantes. Cada faixa é a celebração de uma artista que se aceita em toda a sua plenitude, madura e consciente das suas fragilidades e pontos fortes. “Enough is enough”, já diziam Donna Summer e Barbra Streisand, e em “Murphy Law”, Róisín brota como a Diva que é, quer a reconheçam como tal ou não. Tanta confiança torna-se no galhardete que apresenta ao mundo este que é o trabalho mais pessoal da ex-Moloko. O mais pessoal, o mais coeso, o mais coerente. Como tal, o melhor trabalho dela até ao momento.

Mas esqueçam tudo o que leram até aqui, agarrem nuns bons fones, numa boa coluna e deixem o álbum rodar. O Disco veio salvar, ou vá, arrebitar o confinamento nestes tempos estranhos de pandemia. Não podemos ir para um espaço noturno dançar, mas qual a necessidade de uma bola de espelhos quando a própria música se materializa numa? Róisín Machine segue a tendência musical da moda, mas fá-lo melhor do que todas as tentativas conhecidas até ao momento. Não é meramente um divertido álbum disco, é um dos melhores álbuns do ano. A sério que ainda me estão a ler? Ide dançar!
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Róisín Murphy - Róisín Machine
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