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Soen - Lykaia

 Soen -  Lykaia - 2017
Review
Soen Lykaia | 2017
Ricardo Rodrigues 16 de Maio, 2017
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Soen, o supergrupo de metal progressivo que surgiu em 2012 e ganhou uma enorme tracção com o lançamento de Cognitive, o seu álbum de estreia, está de regresso com o terceiro full-length: Lykaia. Inicialmente composto por ex-membros de Opeth, Death, Testament e Willowtree o colectivo afirmou-se plenamente com o seu primeiro LP e alargou os seus horizontes musicais com o follow up intitulado Tellurian, conquistando uma vasta legião de seguidores.

Desde a primeira audição é notória a forma como o grupo ressuscita a coesão e ambiência estabelecidas em Cognitive e abandona a confusão e experimentação de Tellurian, em prol de um trabalho claramente mais estruturado e metódico. A tracklist em si tem que se lhe diga, com a apresentação imediata de duas das faixas mais fortes e impactantes do álbum no inicio, uma escolha que capta imediatamente a atenção do ouvinte, mas que por outro lado proporciona um fim cansativo e desinteressante ao projecto que no total não chega a atingir os 50 minutos de duração.

“Sectarian” pode ser resumida como uma faixa repleta de riffs interessantes e percussão tipicamente “Lopeziana”, com o já habitual refrão contagiante que a banda tem desenvolvido desde os seus primórdios. Tanto esta faixa como “Opal” apresentam guitarras que invocam uma nítida influência de Opeth nos seus tempos de death metal, distanciando o som de Soen da influência de Tool que tem vindo a assombrá-los desde que lançaram o primeiro álbum. A grande surpresa que o colectivo nos traz com este álbum é precisamente o trabalho de guitarra de Marcus Jidell. Enquanto anteriormente a guitarra podia ser um elemento simplesmente rítmico e harmónico que se deixava estar fora dos holofotes aqui já toma um lugar muito mais central e de destaque, tanto nos riffs poderosos como nas leads subtis mas eficazes.

No que diz respeito a técnica este álbum é practicamente irrepreensível. Martin Lopez volta a sublinhar a sua mestria no domínio pesado e progressivo e apresenta como sempre alternativas interessantes aos standards rítmicos de uma banda de metal, com as influências latinas sempre presentes na percussão variada que é apresentada diversas vezes no decorrer do álbum. A musicalidade introduzida pela bateria complementa perfeitamente os restantes instrumentos e realça todos os pontos fortes dos mesmos. O baixo de Stefan Stenberg é claramente um dos pontos mais positivos deste álbum e continua a tradição dos Soen em ter um baixo melódico e simultaneamente groovy que faz o que tem a fazer nas secções mais pesadas e sobressai de forma excepcional nas partes calmas. Claros destaques no papel do baixo podem ser verificados nos versos da “Orison” e “Jinn”, sendo esta última uma das faixas mais fortes deste LP com o breakdown dramático e exótico que se verifica a meio da mesma e o instrumental final que nos apresenta melodias bastante interessantes sobre uma percussão viciante. O trabalho de teclados é absolutamente esquecível, aliás mais difícil do que esquecer a existência de teclas neste álbum é notar a sua presença uma vez que muita da ambiência é estabelecida por guitarras que mascaram a presença dos synths. As teclas são neste LP aquele elemento cuja presença não é muito evidente, mas cuja falta seria facilmente sentida, exemplos mais berrantes disto seriam os versos de “Lucidity” e o final de “Opal”.

O ponto mais fraco de Lykaia é também o elemento que nos leva pela mão através desta viagem, e fá-lo de forma preguiçosa e sem gosto absolutamente nenhum. Refiro-me, obviamente, à voz. Logo à partida qualquer dúvida acerca das capacidades vocais de Joel Ekelöf é apagada uma vez que neste LP, tal como nos anteriores, o vocalista acerta perfeitamente todas as melodias que lhe são atribuídas, por mais complicadas que estas possam ser, executando-as a um nível técnico de excelência. A contrapartida da mestria técnica de Ekelöf traduz-se, porém numa interpretação desprovida de qualquer sentimento e flexibilidade tímbrica, um facto que nem os coros e harmonias vocais de fundo conseguem alterar. Em “Lucidity” temos o perfeito exemplo de uma belíssima linha vocal cujo interesse se perde devido à repetição excessiva sem qualquer nuance emocional. O que nos é apresentada neste LP é uma voz cuja perfeita afinação é mais do que bem-vinda no contexto da concepção de refrões e hooks poderosos, mas perde o interesse em trechos musicais que pedem uma entrega emocional mais vincada e pormenorizada.

Em geral a entrega é em grande parte robótica e fria e quando este não é o caso acabamos por ter coisas como os solos de guitarra desastrosos no fim de “Opal”, cuja ineficácia não se resume apenas à ausência de reverberação adequada. Salvo a falta de definição em alguns tons de guitarra este álbum ganha bastante com a sua produção quente e orgânica e a utilização de material analógico na captação contribui em grande parte para a textura sonora que nos é apresentada. Algo importante a apontar é a forma como o auxilio visual é um factor importante em álbuns como este no sentido em que ambos os singles lançados com videoclipes da performance da banda em estúdio ganham uma vida completamente diferente nesse contexto. Outro factor de interesse é que enquanto a experiência do álbum possa ser desgastante a audição de cada faixa por si só atribui uma perspectiva completamente diferente através da qual é possível notar pormenores e nuances que se perdem no contexto do álbum.

Em suma Lykaia apresenta uma experiência curta, mas cansativa através de uma paisagem sonora monocromática que é interessante ao ponto de sugerir um grande potencial mas que rapidamente se perde devido à incapacidade de evoluir para algo diferente. Embora tenha pontos claramente altos este LP sofre pela forma como leva o ouvinte a um estado de dormência que acaba por prejudicar a performance exímia deste grupo de talentosos músicos.

Nota: o autor usa o Antigo Acordo Ortográfico.
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