Gravado no sótão da casa de Luís Nunes (antigo Walter Benjamin e atual Benjamim) no Alvito, Alentejo, o novo disco dos Tape Junk chega-nos (ao ouvido) na altura ideal para ser consumido. Junho já é mês de Verão e com ele chega todo um novo positivismo e energia que careciam nos meses anteriores.
Tape Junk, o disco, é rock que cheira a antigo mas atual, daquele que soa bem seja qual for o ano em que nos encontremos. A abrir, “Substance” mostra logo as duas faces da moeda, de início uma bela rockalhada com a segunda guitarra a sacar uns belos efeitos no background (da parte gritada) e, sensivelmente, a partir do segundo minuto, a música baixa o ritmo e continua até ao seu término da forma mais melódica possível, com uns teclados (parece-nos) a ambientalizar o tema. Muito bem jogado!
Seguem-se mais dois temas rápidos, para fazer saltar a plateia, ou neste caso, fazer com que o ouvinte que aqui escreve agite a sua cabeça fortemente. “Bag Of Bones” cheia de groove e “Scratch And Bite” cheia de fúria e adrenalina, a fazer lembrar uns Pixies do início. Os momentos de pausa abrupta, antecedendo a entrada da voz João Correia e, posteriormente, a resposta das guitarras ao que foi cantado, com os efeitos do pedal Wah Wah no fim, tornam esta faixa numa das melhores do disco. Rock à séria!
Depois de toda a energia despendida chega-nos um dos momentos calminhos presentes neste disco homónimo. Os E.U.A. estiveram aqui e deixaram a sua marca: um “lonesome tune” à Tape Junk. Os E.U.A. Permanecem em “Me And My Gin”, desta feita, com a slide guitar a fazer magia ao longo dos pouco mais de 2 minutos de música. “All My Money Ran Out” é, talvez, a faixa mais catchy de todas, contando, mais uma vez, com uns endiabrados teclados durante o refrão e uma fantástica voz feminina nos coros.
Se “Scratch And Bite” é a melhor faixa rápida deste disco, “The Left Side Of The Bed” é a melhor balada! É impossível esta música deixar alguém indiferente. A melodia aliada ao timbre de João Correia (Joca para os amigos) transmite-nos uma paz irrequieta, ideal para divagar numa noite de insónia sobre os mais variados temas que nos ocorrem mas sempre com o “amor” se não no centro, na periferia. (“If you wanna drive me up in tears sing me one of your songs, If you wanna drive me mad pretend that I'm not even here, If you wanna drive crazy say that I'm the stupidest man that ever lived”)
A fechar em grande encontramos a épica “Thumb Sucking Generation”, com a guitarra de Frankie Chavez quase que num feedback eterno à espera de entrar em cena. Quando entra, é o fim do mundo: solo épico à 70's com as três palavras do título a serem proferidas num pitch 200% inferior ao normal e, subsequentemente, com a banda a ser apresentada por uma tal de Valéria Caboi, em Italiano. A melhor forma de acabar um álbum de que tenho memória. Absolutamente genial!
Os Tape Junk mostram, agora, ser uma banda muito mais sólida/coesa em disco do que aquela que se apresentou com The Good & The Mean, contando com mais espaço para experimentações e sem um único momento entediante. Sem dúvida, um grande regresso e uma lufada de ar fresco no rock português.