Os nuestros hermanos Toundra entram em 2015 com IV, o seu 4º registo de originais. A banda de Madrid é conhecida pelo seu post-rock sem voz, no entanto, não é por aí que deixam de contar uma história neste novo álbum. Assim que começa “Strelka”, somos brindados com sons da natureza oriundos de pássaros, cães e uns calmos acordes que remontam para o início de uma jornada épica e, talvez, pacífica. Essa dita “viagem” não é feita só por nós, mas também pelas duas raposas Kitsune, o famoso mito Japonês que foi uma importante referência para o conceito não só da faixa com esse nome (escrita entre Madrid e as montanhas de Bejar) mas de todo o álbum, como pode ser visto pelo artwork do mesmo.
Assim que a aventura avança, “Qarqom” confirma as nossas suspeitas em relação ao storytelling que o álbum incita, demonstrando mesmo que vai haver momentos mais tensos nesta história e que deixam o ouvinte tirar as suas próprias conclusões sobre o mito das duas raposas que precisam de escapar de um fogo florestal, enquanto ajudam os aldeões mais próximos. Para os Toundra, isso pode ser visto como uma metáfora sobre a humanidade a destruir o seu próprio meio-ambiente.
Se suspeitávamos que a história pudesse ser repetitiva, “Lluvia” remonta-nos a um ambiente mais negro á la Cult of Luna e em jeito de Introdução a “Belenos” e “Viesca”, as faixas mais melancólicas do álbum, sendo que “Viesca” até nos brinda com a participação memorável de uma orquestra de cordas e sopros. A jornada avança, e as incendiárias “Kitsune” e “MRWING” mostram-nos uma espécie de desfecho final que geralmente se espera neste tipo de histórias. No entanto, os Toundra guardaram o trunfo “Oro Rojo” para um final esplêndido, com um final a relembrar a faixa “Requiem” do anterior álbum III.
Os madrilenos podem não estar a inventar a roda das histórias do post-rock, no entanto, o que fazem, fazem (muito) bem. Um grande álbum e uma grande aventura para se ter em conta este ano.