Depois de Cerulean Salt, lançado em 2013, a americana Katie Crutchfield volta em forma de Waxahatchee para apresentar o seu terceiro álbum: Ivy Tripp.
Ivy Tripp reflete e resume bem o estilo de Waxahatchee: um indie rock simples que, embora não enchendo as medidas, é até bastante agradável para quem o ouve. Este longa-duração oferece 13 músicas coerentes num todo e revela aquele que é, para mim, o ponto mais forte de Crutchfield: a capacidade de escrever boas letras que acabam por acompanhar as melodias de forma consistente.
“Breathless’’ é um bom começo: confiante e seguro. “Under a Rock” e “Poison” funcionam quase como uma só e demonstram o lado mais rock de Waxahatchee: a guitarra e a bateria em peso e a voz em lugar de destaque. “Stale by Noon” demonstra algum potencial e “The Dirt” é uma faceta mais folk mas bem concretizada. “Summer of Love” consiste numa soma simples: a voz doce de Waxahatchee + os acordes da guitarra = (…) The summer of love is a photo of us. Segue-se “Half Moon” ao piano e, por fim, “Bonfire”, onde a distorção inicial rebenta numa linha de baixo preponderante e constante que resulta, na minha opinião, no ponto mais alto do álbum e consequentemente numa boa despedida do mesmo.
Apesar de este não ser um álbum especialmente marcante, há alguns pontos fortes e relevantes que merecem ser falados, uma vez que compensam aquilo que acaba por passar despercebido. Crutchfield tem dado provas de ser uma artista consciente que tem vindo a crescer ao longo dos anos e isso reflete-se na construção de algumas das suas músicas mais recentes. Este não é um álbum excecional (“La Loose” e “Grey Hair” comprovam-no) mas é uma boa banda sonora para um dia calmo e simples.
A explicação de Kate Crutchfield para o título do álbum consiste num termo inventado pela própria para descrever uma falta de direção e sentido. Esta falta não é, de todo, sentida e a direção de Waxahatchee aponta para Paredes de Coura, a 21 de agosto.