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Wiegedood - There’s Always Blood at the End of the Road

Wiegedood - There’s Always Blood at the End of the Road - 2022
Review
Wiegedood There’s Always Blood at the End of the Road | 2022
Hugo Moreira 27 de Janeiro, 2022
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There’s Always Blood at the End of the Road é a quarta proposta do trio belga Wiegedood, e a primeira a romper com a temática e estilística da trilogia De doden hebben het goed (2015-2018). Não é, no entanto, somente o título que é diferente: temos também, pela primeira vez (salvo erro), letras em inglês ao invés do nativo flamengo. Por outro lado, se a trilogia anterior — a grosso modo inspirada na morte de um amigo da banda — lidava com temas como a perda e a dor, em There’s Always Blood at the End of the Road, a banda reverte do estágio da depressão para o da raiva, num álbum que irradia a fúria gélida e primordial que só o black metal consegue comunicar.

Em “FN Scar 16”, primeira faixa do álbum, um guincho meio-arfada, meio-arroto é seguido de quatro minutos de uma bordoada rítmica impiedosa e inexorável. Assim por alto, a faixa é estruturada em volta de um ostinato altamente cromático em torno da nota Ré, repetido (quase, mas não completamente) ad nauseum nas guitarras sobre um pano de fundo de blast beats na bateria. A repetição é levada quase ao ponto da rutura total, com apenas alguns breaks, inteligentemente introduzidos aqui e ali, a quebrarem a monotonia, introduzindo momentos de respiração e servindo para ancorar o interesse do ouvinte. Ora, o black metal pode ser acusado de ser muitas coisas, mas raramente de ser minimalista. No entanto, é precisamente o minimalismo a corrente estilística que parece melhor definir este álbum, desde a primeira à última faixa. Não um minimalismo preguiçoso à la Philip Glass, note-se, mas um minimalismo inteligente e rigoroso.

Ora, “FN Scar 16” serve de prelúdio a “And in Old Salamano’s Room, the Dog Whimpered Softly”, que continua muito do que vimos anteriormente, mas que introduz à mistura uma mão-cheia de agradáveis surpresas: por volta do minuto 30 temos um riff de carácter completamente contrastante, tanto pelo ritmo e pulsação, como pela escolha de instrumentação. Aqui, o “chugga chugga” das guitarras acompanha os desoladores vocais de Levy Seynaeve, apenas pontuados por uma bateria mais contida e que passa quase despercebida. É introduzida uma langorosa melodia na guitarra que, primeiro distante, acaba por dominar a anterior textura. A faixa termina numa série de acordes em staccato que diretamente conduzem à faixa seguinte. Neste sentido, o álbum é de uma coesão extraordinária, e cada faixa flui para a outra como que por consequência natural, muitas vezes explorando ideias musicais semelhantes ou mesmo idênticas.

“Noblesse Oblige Richesse Oblige” oscila entre dois temas principais, um caracterizado por sinistros arpejos delineados em tercinas, e outro por uma sucessão desenfreada de tremolos ascendentes e descendentes. A meio da faixa temos uma secção de desenvolvimento que explora o primeiro tema de maneira excecional, submetendo-o a sucessivas e requintadas transformações. Já “Now Will Always Be”, a faixa mais longa do álbum — e que, com os seus oito minutos de duração, separa o álbum em duas metades —, é inteiramente constituída por uma intensa e exaustiva exploração de um único motivo altamente ornamentado, apresentado primeiro em formato acústico e em seguida pelas guitarras distorcidas. Os vocais aqui, graves e guturais, remetem para o canto difónico, conferindo à faixa um certo travo folclórico. Na parte final da peça, o baixo explora uma simples melodia descendente por entre o rodopiar desenfreado das guitarras e da bateria. É impossível não traçar paralelos entre esta faixa e “A Solitary Reign” dos Amenra — aliás, fundadores do coletivo Church of Ra, do qual os Wiegedood fazem parte — pelo carácter do motivo central, aqui quase como que reexaminado e recomposto nos moldes ortodoxos de uns Batushka. Por fim, “Carousel”, derradeira faixa do álbum, acaba por fazer jus ao seu título. Ao centrar-se em torno de um motivo quase idêntico ao da faixa inicial, há aqui uma sensação de finalidade, de fechar de um ciclo.

E que ciclo este. There’s Always Blood at the End of the Road é, antes de mais, um excelente álbum de black metal. Mas também é mais que isso — com um carácter decididamente mais experimental do que os seus predecessores, este álbum roça ombros com o black metal avant-garde de uns Blut aus Nord em três quartos de hora que não desiludem e que convidam à reaudição.

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em Reviews


Wiegedood - There’s Always Blood at the End of the Road
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